Sermão do XV Domingo depois de Pentecostes
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Ave Maria…
Queridos irmãos, a Santa Liturgia do 15 Domingo depois de Pentecostes, se refere de maneira especial a vida sobrenatural, a vida da graça, ou melhor dizendo: a vida na graça de Deus. Disse São Paulo na Epístola de hoje: “Se vivemos do Espírito, conduzamo-nos também pelo Espírito.” A única vida verdadeira, vida por excelência é a vida no Espírito. Rezamos no Credo:Et in Spiritum Sanctum, Dominum, et VIVIFICANTEM – creio no Espírito Santo, Senhor e vivificador. Sim, o Espírito Santoé o vivificado, que dá a vida, é a alma da Igreja, “é o princípio de toda a ação vital e verdadeiramente salvífica em cada um dos diversos membros do Corpo místico de Cristo” (Pio XII). A Sagrada Escritura atribui ao Espírito Santo esta união da alma com Deus. União que começa no dia do nosso Santo Batismo, quando nos tornamos templos do Espírito Santo, ondeDeus habita por sua Graça. Esse mistério da inabitação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade em nossa alma é muito explícito no ritual tradicional do Batismo, quando no rito da insuflação o sacerdote sopra três vezes em forma de cruz, sobre o rosto do batizando e diz: Sai desta criança, espírito imundo, e dá lugar ao Espírito Santo Paráclito.
Essa vida divina que se inicia em nossa alma pelo santo batismo deve frutificar, crescer, aperfeiçoar. Por isso São Paulo exorta que devemos deixarmos guiar pelo Espírito, e o Espírito Santo nos guia sempre para águas mais profundas, duc in altum! É preciso exorcizar essa ideia mundana de “um cristianismo adaptado aos nossos tempos”, onde muitos vivem um cristianismo mundanizado, sem conversão, renúncia, penitência, mortificação, castidade. “Não vos conformeis com este mundo(Rm 12,2)”. Devemos progredir na caridade, por meio da oração, do amor a Deus e ao próximo, da penitencia, abnegação, etc. “In via Dei non progredi, regredi est”.
Nós por nossa consagração religiosa estamos obrigados a progredir cada dia mais na caridade! E o que é progredir na caridade para nós? É crescer no amor a Deus e ao próximo! É se santificar na vivencia dos nosso votos, é buscar fazer tudo com a máxima perfeição possível, é imitar a Santíssima Virgem, imprimir em nossas almas as virtudes Dela! Não pensem que a Santíssima Virgem não progrediu na caridade, que não progrediu na perfeição. Por mais que fosse imaculada, e depois se tornado Mãe de Deus, Ela crescia cada dia mais no amor a Deus, nas virtudes, em méritos: Kekaritomene! Não apenas cheia de graça, mas transbordante de graça! Kekaritomene! Se encontrássemos a Santíssima Virgem em sua vida terrena as 9h da manha e depois encontrássemos Ela novamente as 14h da tarde a encontraríamos mais resplandecente, mais bela, mais cheia de Deus, pois sua santidade aumentava a cada momento, pois ela não parava de progredir na caridade, a cada ato de sua vida era mais intenso o amor para com Deus e para com o próximo. A Mãe de Deus é modelo de vida no Espírito, pois a graça deDeus não foi infecunda em sua alma!
Cuidado irmãos, para não confundir vida no Espírito com esse sentimentalismo que reina em muitos movimentos hoje dentro daIgreja, onde para eles viver no Espírito é viver uma “eterna experiência sensível do Espírito Santo” por meio de visões, revelações, etc, etc. É bem verdade que na historia da Igreja, Deus concedeu dons extraordinários a muitos dos seus santos, mas sempre com um motivo especial: a santificação do próprio santo ou dos demais. Hoje muitos buscam as consolações deDeus e não o Deus das consolações.
“Os êxtases, as visões e as revelações não são de jeito nenhum um argumento inconteste da permanência ou da assistência de Deus em uma alma. Quantos se viram que foram enganados com esses tipos de visões? Embora tenham sido a causa da conversão ou mesmo da salvação de algumas almas, é um estratagema do espírito maligno que fica contente em perder um pouco para ganhar muito.” (Bem-aventurada Maria da Encarnação)
Viver no Espírito é esse combate constante pela santidade que nos ensina nosso pai São Luis nos seus escritos:
“Soframos, choremos, jejuemos, oremos, ocultemo-nos, humilhemo-nos, empobreçamo-nos, mortifiquemo-nos; porque o que não tem o espírito de Jesus Cristo, que é um espírito de cruz, não pertence a Ele, os que são de Jesus Cristo mortificaram a carne com suas concupiscências.”
Sejamos irmãos desse pequeno rebanho que busca com ardor se adiantar na perfeição, renunciando essa morbidão espiritual que vive o nosso mundo, que acomoda a seu gosto a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, para esconder a sua vida mundana e tíbia, causando náuseas a Nosso Senhor (Ap 3,16).
Essa mãe do Evangelho de hoje representa a Santa Mãe Igreja que chora também por tantos filhos seus mortos, mortos a vida da graça pelo pecado. “O salário do pecado é a morte (Rm 6,23)”. A pior desgraça que pode existir no mundo é o pecado. O pecado nos faz perder a vida divina em nós. Quando pecamos mortalmente invertemos aquelas palavras do rito de insuflação do Batismo e dizemos: “Sai da minha alma, Espírito Santo, e cede ligar ao demônio!” “Quem comete o pecado é do diabo.” (1Jo 3,8)
Que a Santíssima Virgem Maria nos ajude e nos ensine a viver no Espírito, a sermos autênticos filhos de Deus, que combate para guardar a pureza do nosso santo batismo.
0 comentários