Sermão do XVIII Domingo depois de Pentecostes
Caríssimos irmãos, hoje escutamos no santo Evangelho essas consoladoras palavras de Nosso Senhor perdoando, apagando os pecados de um paralítico. O Senhor exalta a saúda da alma sob a saúde física, por isso Ele cura primeiro a paralisia espiritual causada pelo pecado e depois cura a enfermidade física, e ainda mais: a cura física acontece apenas para ser sinal visível daquela transformação interior, o mesmo Jesus disse que curava a enfermidade física daquele homem “para que saibais que o Filho do Homem tem poder sobre a terra de perdoar pecados”. Os escribas viam em Jesus apenas um homem qualquer, era inconcebível para eles que Jesus fosse igual aoPai, que Jesus tivesse autoridade de perdoar pecados, por isso nos seus corações murmuravam e acusavam o Senhor do crime de blasfêmia.
Nosso Senhor transmitiu na tarde do Domingo de Páscoa aos seus apóstolos a faculdade de perdoar os pecados: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes lhes serão retidos” (Jo 20,22-23). Hoje o mundo continua se escandalizando com esse tremendo mistério do perdão dos pecados. Quantas vezes escutamos idéias protestantizadas como: “Eu me confesso diretamente a Deus”, e muitas vezes ouvimos isso da boca de “católicos”. É sem dúvida uma das vitórias de satanás nos nossos tempos ter afastado tantas almas da confissão sacramental, ter adormecido a consciência de tantos fieis no pecado, vivemos como denunciava o Papa João Paulo II, um eclipse da consciência! Todos os abusos sempre têm uma finalidade por detrás, foi assim com a introdução da comunhão na mão, a finalidade era sem dúvida diminuir a Fé na Presença Real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. A mesma coisa acontece com os inumeráveis abusos da “Confissão comunitária”, que não tem outra finalidade senão afastar os fiéis da confissão individual. Parte da culpa do distanciamento dos fiéis do Sacramento da Penitencia se deve também a crise sacerdotal em que vivemos, ou melhor dizendo, da apostasia em grande parte do nosso clero, que muitas vezes não se ensina mais em seus sermões a necessidade da confissão sacramental, ou muitas vezes não se dedica mais a ouvir as confissões dos fiéis, ou desgraçadamente utiliza da confissão para ensinar doutrinas perniciosas contrárias a Moral Católica, adormecendo o nosso povo cada vez mais no pecado. Quantos e quantos padres hoje ensinam que a masturbação, fornicação, pornografia, anticoncepcionais não são pecados! “Ai de vós os que ao mal chamais bem, e ao bem, mal, que tomais as trevas por luz, e a luz por trevas”(Is 5,20). Os que deveriam dar remédios acaba dando veneno para os penitentes. Quantos de nós sacerdotes passamos anos e anos sem nos confessar, pois já se perdeu a fé nos sacramentos. Essa profunda crise de fé atual, é causada antes de tudo por uma crise do sacerdócio católico… Entre os anos de 1967 a 1974, se estima que mais de 40 mil Sacerdotes abandonaram o ministério sacerdotal. A identidade sacerdotal foi desfigurada no pós-concilio e hoje infelizmente vivemos uma “Babel-Teológica” nos nossos Seminários, e isso tem afetado essencialmente a doutrina tradicional sobre o Sacerdócio Católico.
Mas voltemos para a Confissão. O Catecismo Romano insiste aos Párocos que exortem sempre aos fiéis sobre a necessidade desse sacramento: “Se eliminarmos da vida cristã a Confissão Sacramental, é certo que em toda a parte se insinuarão crimes ocultos e nefandos; depois, os homens não terão mais vergonha de cometer, publicamente, outros crimes mais graves ainda, uma vez que se depravaram com o hábito de pecar. Ora, o pudor natural de confessar impõe uma espécie de freio à desenvoltura do pecado, e reprime os maus sentimentos do coração.” Viveríamos irmãos, sem dúvida, em uma civilização da caridade e da virtude sempre crescente, se esse santo Sacramento fosse estimado e freqüentado, se os católicos tivessem consciência que o maior mal no mundo é o pecado mortal, que desobedecer a Deus é a pior desgraça em que podemos cair, pois “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23).
Sabemos que Nosso Senhor instituiu o Sacramento da confissãoprincipalmente para perdoar os pecados mortais cometidos depois do santo Batismo, e que é lei da Igreja que nos confessemos ao menos uma vez ao ano, mas “por inspiração do Espírito Santo foi introduzido na Igreja o uso piedoso da confissão freqüente com a qual: aumenta-se o reto conhecimento de nós mesmos; desenvolve-se a humildade cristã; arranca-se a perversidade dos costumes; resiste-se à negligência e ao torpor espiritual; purifica-se a consciência; fortalece-se a vontade; procura-se a salutar direção das consciências; aumenta-se a graça por força do próprio sacramento” (Pio XII). Devemos ensinar os fiéis à prática da confissão freqüente, pois além do aumento da graça santificante, ela nos dá a graça sacramental, as graças próprias do sacramento da confissão que são: Vencer as tentações e cumprir bem os deveres de estado; Tornar mais reta a intenção na prática das boas obras; Conhecer melhor a si mesmo e a malícia do próprio pecado; Adquirir o espírito de compunção, e de confiança de ter obtido o perdão de Deus. Segundo Santo Agostinho, “a confissão impede mais pecado do que apaga”.
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